domingo, 5 de abril de 2009

Superação: uma receita para as grandes vitórias da medicina - Jorge Carlos Machado Curi, presidente da Associação Paulista de Medicina

O esporte é pródigo em deixar lições de como o sentimento de superação é importante para viradas pessoais e coletivas históricas, para vitórias memoráveis. Em 2008, por exemplo, Maurren Maggi deu o salto mais espetacular de sua vida, conquistando a medalha de ouro nas Olimpíadas de Pequim. Naquele instante, a cada metro que vencia deixava para trás momentos doloridos, como o afastamento das pistas, em 2003, em virtude de um ruidoso caso de acusação de doping. Felizmente, ela teve força, superou-se, voltou e mostrou que é uma vencedora.

Algo semelhante ocorre, agora, com o fenômeno, Ronaldo. Em virtude de uma sequência de lesões, ficou afastado dos gramados, de novo, por mais de um ano. Foi dado como acabado, virou motivo de chacota e poucos, pouquíssimos, deram-lhe o crédito que sua história fazia por merecer. Sem problemas, o importante é que ele continuou acreditando em si. Superou a dor, a contusão, alguns escândalos, as críticas e a péssima forma. Retornou, marcando gols e se firmando como a maior sensação do futebol jogado hoje, dentro do Brasil. Um exemplo para todos; e reconhecido mundialmente.

Penso que é esse sentimento, de superação, que deve nortear o movimento médico, todos os dias, especialmente nesse promissor 2009. Atualmente, estamos envolvidos num relevante processo pela valorização profissional no Sistema Único de Saúde (SUS), que, aliás, acaba de completar 20 anos. A Associação Paulista de Medicina, a Associação Médica Brasileira, demais entidades nacionais, estaduais e regionais, além das sociedades de especialidade, exigem dignidade para o exercício da medicina. Isso passa por uma série de reivindicações que, certamente, se transformarão em realidade, se cada um de nós tiver a gana e a vontade que fazem os sonhos mais difíceis se concretizarem.

Queremos a inclusão da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) no SUS, lutamos por plano de carreira para o médico, por piso salarial, por melhores condições para a prática diária e por uma política de estado para a educação médica continuada. A APM, como sempre, removerá montanhas, se necessário, para atingirmos tais metas. Já começamos a fazer gestões junto a todas as regionais e às especialidades médicas de São Paulo para um forte movimento de consenso, com ações diversas e frequentes.

É hora de pressionar governantes e autoridades a resolver os problemas de gestão, a aumentar os investimentos em saúde e a administrar, com racionalidade, esse precioso bem público, que é a saúde. Só com recursos e gestão adequada, faremos as mudanças que o setor necessita para viabilizar uma política de recursos humanos à altura da importância do trabalho do médico e para garantir excelência na assistência, o que é um direito do cidadão. Enfim, essa é a hora da superação; nossa atuação será fundamental.

Jorge Carlos Machado Curi, presidente da Associação Paulista de Medicina